SECA NO PARAÍSO

SOLUÇÕES PARA A ÁGUA NO ALGARVE

Vídeo por: pt.vecteezy.com

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Viver ou passar férias no Algarve é imaginar-se em dias de sol, mar, parques aquáticos, monumentos históricos e uma vida cultural vibrante.

Mas este paraíso está a conviver com uma seca persistente que ameaça transformá-lo numa região desértica.

A região algarvia enfrenta o quinto ano consecutivo com chuva abaixo da média.

Praia de Benagil, Lagoa, Algarve. Foto por: Sandra Ramos

Praia de Benagil, Lagoa, Algarve. Foto por: Sandra Ramos

Alcantarilha, Algarve. Foto por: Sandra Ramos

Alcantarilha, Algarve. Foto por: Sandra Ramos

Muita gente. Pouca água.

O Algarve foi das regiões de Portugal que mais ganhou população. Ao contrário do país, que nos últimos 10 anos perdeu 291 mil habitantes, segundo o Censo do INE (Instituto Nacional de Estatística), no mesmo período, o Algarve ganhou 16.337 pessoas. Nos últimos 50 anos, a região praticamente dobrou sua população, de 268 mil habitantes, em 1970, para 467 mil.

Mas não foi só isso. De acordo com a bióloga e docente da Universidade do Algarve, Manuela Moreira da Silva, "cada pessoa hoje gasta cinco vezes mais água do que gastava em 1970. Os usos da água são cada vez mais diversos, mais específicos. Não nos resta alternativa senão usarmos a ciência e a tecnologia para capitalizarmos o que aprendemos e conseguir manter a água a chegar para tudo, e para isso nós temos que criar novas origens de água, mas também temos que apostar na eficiência”.

Na região do Mediterrâneo a seca é um fenómeno normal. No entanto, os atuais padrões de consumo, a elevação das taxas de emissões de CO2 e alguns comportamentos que são naturais do planeta têm gerado um impacto mais severo no clima.

"Nós estamos a vivenciar um cenário de alterações climáticas no Mediterrâneo que é particularmente grave."

Manuela Moreira da Silva, bióloga e docente da UAlg

Nos últimos 20 anos, a precipitação diminuiu entre 15% e 20%; a temperatura média atmosférica já atingiu 1,5 grau centígrado de aumento, e, portanto, o Mediterrâneo tem cada vez menos água à superfície. “Isto faz com que, com aumento da população, com os atuais padrões de consumo, manter água para todos os usos e para todas as pessoas de forma inclusiva, cumprindo-se os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, seja um desafio muito complexo.”

Cidade de Faro. Foto por Sandra Ramos

Cidade de Faro. Foto por Sandra Ramos

Desertificação

O Algarve é uma das regiões europeias que enfrentam um alto risco de desertificação em todos os aspectos biofísicos, incluindo solo, floresta, água e clima. Esse perigo é agravado pelas mudanças climáticas e eventos associados, como incêndios de grande escala e longos períodos de seca.

Futuro árido já presente

A desertificação é evidente na região, especialmente no seu interior. Os principais impulsionadores desse fenômeno incluem períodos prolongados de seca, alternados com chuvas intensas concentradas em curtos intervalos, além do uso inadequado do solo, incêndios nas serras e despovoamento.

Desertificação: o que é?

O fenômeno é definido como a degradação do solo em áreas áridas, semiáridas e subúmidas, resultante de vários fatores, incluindo variações climáticas e atividades humanas.

O risco iminente de desertificação requer a implementação de decisões estratégicas fundamentais relacionadas à gestão da água, recuperação do solo e conservação da floresta.

Ações de combate

Em Portugal, o Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação (PANCD) tem como objetivo orientar e promover ações de combate à desertificação, minimizando os efeitos da seca em áreas semiáridas e subúmidas, especialmente onde a erosão e a degradação do solo, a destruição da vegetação e a deterioração do ambiente são mais evidentes e problemáticas, como na Serra do Baixo Guadiana, prioritariamente no Algarve.

O Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve prevê um conjunto de medidas e estratégias que visam dar resposta à necessidade de reverter esse processo e para uma política preventiva dos riscos que constituam uma ameça à vida humana.

A escassez de água no solo, a diminuição da precipitação e a erosão estão entre os principais sinais de desertificação que motivaram o desenvolvimento de ações de intervenção.

Para mitigar este problema, o Plano Regional de Ordenamento do Território do Algarve prevê a utilização de tecnologias adaptadas nas práticas agrícolas, florestais e nas infraestruturas hidráulicas. Igualmente define que as atividades de recreio e lazer sejam praticadas com consciência e bom senso.

Alcantarilha, Algarve. Foto por Sandra Ramos.

Alcantarilha, Algarve. Foto por Sandra Ramos.

Alcantarilha, Algarve. Foto por Sandra Ramos.

Alcantarilha, Algarve. Foto por Sandra Ramos.

No Algarve, a distribuição de chuvas é bastante irregular, resultando em escoamento superficial torrencial que forma cursos de água temporários.

A incidência de luz solar é bastante elevada e há uma média de 20 dias com nevoeiro por ano.

De acordo com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve (CCDR), a combinação da geologia e do clima levou à formação de três sub-regiões distintas: a Serra ao norte, caracterizada por encostas íngremes e solos pobres; o Barrocal ao sul da Serra, com encostas mais suaves, solos frágeis e uma variada vegetação espontânea; e o Litoral ao sul, com território quase plano e uma ocupação intensa, tanto agrícola quanto urbana.

Situação da seca atual

De acordo com o Índice PDSI (Palmer Drought Severity Index), em novembro de 2023 verificou-se um aumento da área em seca meteorológica fraca na região Sul de Portugal, abrangendo todo o distrito de Faro, Beja e grande parte do distrito de Setúbal.

O índice baseia-se no conceito do balanço da água, tendo em conta dados de quantidade de precipitação, temperatura do ar e capacidade de água disponível no solo, e permite detetar a ocorrência de períodos de seca, classificando-os em termos de intensidade (fraca, moderada, severa e extrema).

Em 2022, a seca na região de Faro encontrava-se na situação "severa", tendo havido leve melhora em 2023, mas permanece a situação de seca.

Em termos de distribuição percentual por classes do índice PDSI no território continental, no final de novembro verificava-se:

16,2% na classe chuva severa
31,3% na classe chuva moderada
7,2% na classe chuva fraca
25,9% na classe normal
19,4% na classe seca fraca

Fonte: IPMA

Bacias hidrográficas

Barragem do Arade, Silves, Algarve. Foto por Sandra Ramos

Barragem do Arade, Silves, Algarve. Foto por Sandra Ramos

Agricultura

Barragem do Arade. Foto por: Sandra Ramos

Barragem do Arade. Foto por: Sandra Ramos

As albufeiras dos aproveitamentos hidroagrícolas encontram-se em mínimos históricos e os agricultores temem novas restrições no acesso à água na próxima campanha de rega.

Para o presidente da Associação dos Regantes e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão, João Garcia, “é com grande apreensão, com grande preocupação, que nós verificamos que essa questão da água poderá ser o grande problema nos próximos tempos”.

Dependência do regadio

João Garcia reconhece que “a seca no Algarve é um problema estrutural ”. Afirma que as soluções apontadas para resolver a situação ainda estão em projetos e podem vir tarde.

Sobre a adequação da agricultura à região, explica que “conseguimos produzir culturas onde em mais lado nenhum de Portugal é possível". Como exemplos, cita as culturas de manga, abacate e laranja. "O Algarve tem o melhor clima para a produção de laranja, tanto que é o principal produtor de laranja a nível nacional".

Segundo João Garcia, mais de 50% da produção nacional de laranja sai de Silves. E, se nada for feito, “o que poderá estar aqui a acontecer é que todo este ecossistema, toda esta zona que é o pulmão da produção de laranja nacional poderá estar em risco”.

O dirigente enfatiza que “os próprios agricultores já estão conscientizados da necessidade de poupar água e também, em muitas das situações, de serem mais eficientes na distribuição dessa água”.

A Associação de Regantes tem desenvolvido ações de sensibilização junto aos agricultores para a substituição dos seus antigos sistemas para regas mais eficientes.

No entanto, nem todos têm capacidade para modernização do regadio, nem têm área que justifique investimentos tecnológicos, porque muitos possuem pequenas agriculturas.

“Na Barragem do Arade estamos praticamente no volume morto, à data de hoje, a água que temos dá apenas para um mês, não é suficiente para assegurar a próxima campanha de rega."

João Garcia, presidente da Associação dos Regantes
e Beneficiários de Silves, Lagoa e Portimão

Alternativas para a produção agrícola

O presidente da Federação Nacional de Regantes (FENAREG), José Núncio, esteve recentemente no Algarve, para as XIV Jornadas FENAREG – Encontro do Regadio 2023. No evento, os agricultores debateram a atualização da legislação do setor e a rega em tempos de escassez.

Entre as propostas debatidas no encontro, foi citada a construção de uma barragem no Pomarão,  para reforçar a captação e a distribuição de água, principalmente para consumo humano, aliviando a pressão que há sobre o consumo agrícola. Aponta que o abastecimento humano poderia ter sido resolvido recorrendo ao rio Guadiana, que tem muita água. A medida liberaria cerca de 30 a 40 milhões de metros cúbicos daquele sítio a serem usados em tempos de escassez.

A nível da água subterrânea, José Núncio afirma que há aquíferos que não têm problemas, e que podem ser utilizados como reservatórios.

Defende que, com as devidas cautelas, é possível, no Algarve, implementar soluções já testadas com sucesso em Israel, Espanha e Alemanha.

“Não é preciso inventar a roda. A roda está inventada. O que é preciso mesmo é pô-la a rodar, porque um grande problema que temos é que fala-se muito e executa-se pouco.”

José Núncio, presidente da FENAREG

No encontro também se falou da reabilitação dos perímetros e do alteamento de barragens, que, segundo José Núncio, têm um impacto mínimo, e, nos anos de muita chuva, possibilita armazenar água, para uso durante a seca.

Encontro Regadio 2023. Foto por: Sandra Ramos

Encontro Regadio 2023. Foto por: Sandra Ramos

Encontro Regadio 2023. Foto por: Lúcio Santos.

Encontro Regadio 2023. Foto por: Lúcio Santos.

Encontro Regadio 2023. Foto por: Sandra Ramos

Encontro Regadio 2023. Foto por: Sandra Ramos

Estação de distribuição de água no Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Sandra Ramos.

Estação de distribuição de água no Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Sandra Ramos.

Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Sandra Ramos.

Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Sandra Ramos.

Estação de distribuição de água no Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Lúcio Santos.

Estação de distribuição de água no Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Lúcio Santos.

Usos e abusos

A ONU definiu como ideal o consumo diário de 110 litros de água por habitante.

Em Portugal, esta média diária de consumo é de 187 litros de água por habitante.

Portanto, muito superior ao definido como aceitável e necessário.

Isso significa que cada um de nós está a consumir o equivalente a uma pessoa e meia.

Em cada habitação, é possível verificar os milhares de litros de água que são utilizados mensalmente. No verso da fatura, encontra-se a quantidade de litros de água ou o número de metros cúbicos utilizados em cada mês.

Onde se utiliza, em média, por pessoa, mais e menos água canalizada no Algarve?

Foto por Sandra Ramos

Foto por Sandra Ramos

Consumo doméstico

O termo "Pegada Hídrica" é um indicador do uso de água doce por unidade de tempo, por pessoa, produto ou serviço, incluindo todos os consumos associados direta e indiretamente.

O Instituto Superior de Engenharia da Universidade do Algarve desenvolveu uma Calculadora da Pegada Hídrica, que permite que cada indivíduo verifique seu consumo diário de água a partir das suas escolhas de alimentação, de compras e de uso de eletrodomésticos e outros itens em sua morada.

person opening faucet

Foto por Jacek Dylag via Unsplash

Foto por Jacek Dylag via Unsplash

person opening faucet

Foto por Jacek Dylag via Unsplash

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Quanta água é gasta para produzir uma folha de papel?

Quando pensamos em consumo de água, é normal lembrarmos de torneiras, chuveiros, máquinas de lavar e outros equipamentos domésticos nos quais visualizamos a água no seu estado natural.

No entanto, ao adquirirmos quaisquer produtos, estamos, indiretamente, consumindo água, considerando todo o processo de produção.

Produzir 1 folha de papel gasta 11,35 litros de água

Produzir 1 jeans gasta 8.000 litros de água

Produzir 1 kg de carne bovina
gasta 15.400 litros de água

Produzir 1 Kg de chocolate gasta
17.000 litros de água

Produzir 1 automóvel gasta 400 mil litros de água

Quando compramos algo e não usamos, deitamos fora não apenas o dinheiro, mas muita água.

Mais informações no site da Water Footprint Network.

Soluções

Caminhos
para a água

Não restam dúvidas de que devem ser adotadas medidas, com urgência, para evitar o avanço da seca severa que atinge a região algarvia.

O caminho para manter o Algarve com a água necessária para todas as suas necessidades requer um conjunto de medidas tecnológicas e não tecnológicas.

Defendem-no investigadores como Manuela Moreira da Silva, do Centro de Engenharia e Desenvolvimento (CEiiA). A investigadora, que também desenvolve trabalho no CoLAB Smart and Sustainable Living e no Centro de Investigação Marinha e Ambiental (CIMA), relaciona as medidas tecnológicas: investimento em infraestruturas; renovação dos sistemas de distribuição; criação de infraestruturas para buscar água a origens alternativas, como dessalinizar a água do mar; e investimento em estações de tratamento de águas residuais.

Além disso, propõe um conjunto de ferramentas digitais que permitam recolher e gerir os dados para que cada município do Algarve perceba qual é a água que está a consumir, como está a consumir e onde é que a deve ir buscar.

“Cerca de 30% da água se estava
a desperdiçar antes de chegar às torneiras da nossa casa.”

Manuela Moreira da Silva, bióloga e docente da UAlg

A região precisa de identificar origens alternativas de água para além das águas superficiais e subterrâneas que, no cenário de alterações climáticas, são cada vez mais escassas.

Segundo a docente da UAlg, a aposta foi criar um plano para se utilizar águas residuais tratadas para consumos não potáveis, como a rega dos campos de golfe e da agricultura.

A bióloga lembra que Portugal foi pioneiro na Europa a instalar a primeira dessalinizadora por osmose inversa, na ilha de Porto Santo. “O que nós estamos a fazer neste momento é instalar uma estação de osmose inversa que entrará em funcionamento, se tudo correr bem, em 2026, e que permitirá reforçar a quantidade de água tratada para consumo humano".

white sand on beach during daytime

Photo by Timo Volz on Unsplash

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Essa água vai ser distribuída através das mesmas infraestruturas que as Águas do Algarve já dispõem. O que os municípios estão a fazer agora é perceberem onde é que pode haver outras origens da água alternativa. Manuela Moreira da Silva dá um exemplo: “O Algarve tem 16 municípios; cada município tem, pelo menos, uma ou duas piscinas municipais. Uma piscina municipal tem que mandar fora diariamente a volta de 3% da água. 3% da água, por exemplo, na piscina municipal de Quarteira, são 50 m3 de água que vai fora diariamente. Ora, se esta água for recolhida, e se for armazenada, ela pode ser utilizada para lavar superfícies externas da cidade, para lavar contentores de resíduos para bocas de incêndio, e se algum cloro que possui for removido, ela pode ser inclusivamente utilizada para regar espaços verdes urbanos”.

No que respeita às medidas não tecnológicas, a docente e investigadora acredita na importância de se comunicar a ciência de uma forma simples, “para que as pessoas percebam quais são os problemas reais que estamos a gerir, as medidas que nós podemos e devemos implementar para que não falte água a ninguém e, portanto, nós temos que comunicar com as pessoas em diversos tipos de fóruns, não podem ser só fóruns académicos".

No curta metragem "#A Última Gota_Algarve", a Associação de Defesa do Património Cultural e Ambiental do Algarve - Almargem lança o desafio do consumo consciente da água.

water drop on persons hand

Foto por Austin Kehmeier via Unsplash

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person watering plant

Foto por Markus Spiske via Unsplash

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Olhar integrado
para o futuro

O Secretário de Estado da Agricultura, Gonçalo Rodrigues, garante que o governo está a trabalhar em busca de soluções para a seca no Algarve. Adverte que não devemos olhar para o problema como mais uma seca, mas sim para o que é a nossa realidade climática hoje, para buscarmos uma solução integrada para o futuro. “Passa ora por gastar cada vez menos produzindo mais, mas também por aquilo que é o aumento das disponibilidades, ou seja, através de novas infraestruturas, seja através da procura de fontes alternativas, as águas residuais tratadas, a água de dessalinização, aquilo que é um complexo cada vez mais integrado, e no aumento das disponibilidades acompanhadas, obrigatoriamente, de um uso cada vez mais eficiente.”

“Temos que olhar para tudo de uma forma integrada, saber onde é que a água faz falta, como é que pode ser usada de forma eficiente.”

Gonçalo Rodrigues, Secretário de Estado da Agricultura

Mas o problema não afeta apenas a agricultura. Para Gonçalo Rodrigues, precisamos “minimizar as perdas nos regimes urbanos através de intervenções junto e em conjunto com as autarquias para que a pouca água que vai estando disponível possa ser utilizada na sua perfeita utilização, sem que haja expectativa de aumento de perdas, muito pelo contrário, sendo cada vez mais eficiente seu uso”.

Distribuição de água no Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Sandra Ramos.

Distribuição de água no Aproveitamento Agrícola de Silves, Lagoa e Portimão. Foto por: Sandra Ramos.

Manuela Moreira da Silva também concorda que envolver a população na questão da água é fundamental. “Precisamos de trazer a educação para este enorme desafio e, portanto, nós precisamos de investir muito em educação, irmos às escolas, trabalharmos diretamente com os miúdos mais pequeninos, agarrarmos os professores do ensino básico e secundário, e passar-lhes ferramentas para eles trabalharem com os miúdos de forma a que a escola possa funcionar como um laboratório vivo, onde se usa a água de forma muito eficiente. Se assim fizermos, estes jovens vão levar todo este know-how para as suas famílias, e os adultos vão perceber a importância que tem gerirem o uso da água dentro das suas casas, e grão a grão nós vamos fazendo com que a medida se dissemine em toda a comunidade urbana.”

“A água é um bem muito escasso e insubstituível. Nós podemos encontrar origens alternativas de energia, podemos encontrar novos combustíveis, mas não vamos encontrar alternativa à água.”

Manuela Moreira da Silva, bióloga e docente da UAlg

Foto por Sandra Ramos

Foto por Sandra Ramos

A natureza
precisa de água

Manuela Moreira da Silva alerta que a água tem que chegar também para a natureza, “porque sem a natureza nós não vamos ter os serviços ecossistêmicos, não vamos ter oxigénio para respirar, e sem oxigénio na atmosfera terrestre, os seres vivos extinguem-se”.

A bióloga adverte: “Temos que, definitivamente, perceber que a humanidade não está acima da natureza, a humanidade integra a natureza e deve desenvolver a tecnologia para pactuar a natureza, e ambas contribuírem para a qualidade de vida das pessoas”.

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Autores

Clarissa Plozzer é licenciada em Línguas, Literaturas e Culturas Inglesas e Espanholas pela Universidade do Algarve (UAlg); chefe de equipa nos Bombeiros do Aeroporto de Faro e mestranda do curso de Comunicação e Media Digitais da UAlg.

Lúcio Santos é graduado em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo pela Faculdade de Comunicação e Turismo Hélio Alonso, no Rio de Janeiro; jornalista e assessor de Comunicação Social no Brasil e mestrando do curso de Comunicação e Media Digitais da Universidade do Algarve (UAlg).

Sandra Ramos é graduada em Comunicação Social, com habilitação em Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB); atua na Assessoria de Comunicação Social do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia; pós-graduada (MBA) em Gestão de Projetos pela Faculdade Unyleya e mestranda do curso de Comunicação e Media Digitais da Universidade do Algarve (UAlg).